quarta-feira, 21 de maio de 2008

Índios do Brasil - Identidade e diversidade






Índios do Brasil - Identidade e diversidade
As populações indígenas são vistas pela sociedade brasileira ora de forma preconceituosa, ora de forma idealizada. O preconceito parte, muito mais, daqueles que convivem diretamente com os índios: as populações rurais.

Dominadas política, ideológica e economicamente por elites municipais com fortes interesses nas terras dos índios e em seus recursos ambientais, tais como madeira e minérios, muitas vezes as populações rurais necessitam disputar as escassas oportunidades de sobrevivência em sua região com membros de sociedades indígenas que aí vivem.
© Índios Isolados
Por isso, utilizam estereótipos, chamando-os de "ladrões", "traiçoeiros", "preguiçosos" e "beberrões", enfim, de tudo que possa desqualificá-los. Procuram justificar, desta forma, todo tipo de ação contra os índios e a invasão de seus territórios.

Já a população urbana, que vive distanciada das áreas indígenas, tende a ter deles uma imagem favorável, embora os veja como algo muito remoto. Os índios são considerados a partir de um conjunto de imagens e crenças amplamente disseminadas pelo senso comum: eles são os donos da terra e seus primeiros habitantes, aqueles que sabem conviver com a natureza sem depredá-la. São também vistos como parte do passado e, portanto, como estando em processo de desaparecimento, muito embora, como provam os dados, nas três últimas décadas tenha se constatado o crescimento da população indígena.

Só recentemente os diferentes segmentos da sociedade brasileira estão se conscientizando de que os índios são seus contemporâneos. Eles vivem no mesmo país, participam da elaboração de leis, elegem candidatos e compartilham problemas semelhantes, como as conseqüências da poluição ambiental e das diretrizes e ações do governo nas áreas da política, economia, saúde, educação e administração pública em geral. Hoje, há um movimento de busca de informações atualizadas e confiáveis sobre os índios, um interesse em saber, afinal, quem são eles.

Qualquer grupo social humano elabora e constitui um universo completo de conhecimentos integrados, com fortes ligações com o meio em que vive e se desenvolve. Entendendo cultura como o conjunto de respostas que uma determinada sociedade humana dá às experiências por ela vividas e aos desafios que encontra ao longo do tempo, percebe-se o quanto as diferentes culturas são dinâmicas e estão em contínuo processo de transformação.

O Brasil possui uma imensa diversidade étnica e lingüística, estando entre as maiores do mundo. São 215 sociedades indígenas, mais cerca de 55 grupos de índios isolados, sobre os quais ainda não há informações objetivas. 180 línguas, pelo menos, são faladas pelos membros destas sociedades, as quais pertencem a mais de 30 famílias lingüísticas diferentes.

No entanto, é importante frisar que as variadas culturas das sociedades indígenas modificam-se constantemente e reelaboram-se com o passar do tempo, como a cultura de qualquer outra sociedade humana. E é preciso considerar que isto aconteceria mesmo que não houvesse ocorrido o contato com as sociedades de origem européia e africana.
No que diz respeito à identidade étnica, as mudanças ocorridas em várias sociedades indígenas, como o fato de falarem português, vestirem roupas iguais às dos outros membros da sociedade nacional com que estão em contato, utilizarem modernas tecnologias (como câmeras de vídeo, máquinas fotográficas e aparelhos de fax), não fazem com que percam sua identidade étnica e deixem de ser indígenas.

A diversidade cultural pode ser enfocada tanto sob o ponto de vista das diferenças existentes entre as sociedades indígenas e as não-indígenas, quanto sob o ponto de vista das diferenças entre as muitas sociedades indígenas que vivem no Brasil. Mas está sempre relacionada ao contato entre realidades socioculturais diferentes e à necessidade de convívio entre elas, especialmente num país pluriétnico, como é o caso do Brasil.

É necessário reconhecer e valorizar a identidade étnica específica de cada uma das sociedades indígenas em particular, compreender suas línguas e suas formas tradicionais de organização social, de ocupação da terra e de uso dos recursos naturais. Isto significa o respeito pelos direitos coletivos especiais de cada uma delas e a busca do convívio pacífico, por meio de um intercâmbio cultural, com as diferentes etnias.

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Assuntos, causos, prosas, piadas, etc...

HOMOFOBIA

"Tá aí um argumento bem razoável..."


"Além disto não se deve interferir na formação:


Quando Carlinhos era pequeno, queria brincar com bonecas e seus pais fizeram ele desistir pois era coisa de viado...

Aos 10 anos Carlinhos gostava de ajudar a mamãe na cozinha e seu pai o arrastava para a oficina, pois isto era coisa de viado...

Aos 12 anos Carlinhos queria ser bailarino e seus pais o desencorajaram, porque era coisa de viado...

Na adolescência ele quis ser cabeleireiro, mas seus pais não deixaram porque era coisa de viado...

Finalmente aos 20 anos, resolveu ser estilista, e novamente seus pais não permitiram porque era coisa de viado...

Agora Carlinhos cresceu, é viado e não sabe fazer porra nenhuma..."

Recebi via e-mail, não sei quem é o autor, por isso, se me permite..... Postei! Obrigado!

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"Essa é boa!!!!

"O BALONISTA grita para o homem que caminha na estrada:

- Prometi a um amigo que me encontraria com ele às 2 horas da tarde, mas já são 4 e nem sei onde estou. Poderia me ajudar?

- Você está a uns 5 metro acima da estrada e a 33 graus de latitude sul e 51 graus de longitude oeste.

E o Balonista, com sorriso irônico:

- Você é engenheiro?

- Sim, como descobriu?

- Simples! O que você me disse está tecnicamente correto, mas é inútil. Continuo perdido. Não consegue uma resposta melhor?

- E você é petista! Retrucou o andarilho.

- Sim, sou filiado. Como descobriu?

- Fácil! Você subiu sem ter a mínima noção de orientação. Não sabe o que fazer, onde está e para onde ir. Fez promessa e não tem a menor idéia de como conseguir cumpri-la. Espera qu outra pessoa resolva seu problema. continua perdido e acha que a culpa de seu problema passou a ser minha." (Fábio Diniz)

Representações da vida ORLANDO VILLAS BÔAS*

No Quarup, o vencedor das disputas tem o direito de fazer as pintas pretas da sucuri nas costas

Os símbolos são usados por todos os povos como uma representação material do imaginário. Na cultura indígena, essas formas de interpretação são expressas com freqüência, por exemplo, através de objetos, pinturas ou festas. Se a balança é a imagem da justiça, a água é da purificação e o sol, da vida; para o índio a cobra-grande significa força. Afinal, sua figura mitológica é temida por tamanha maldade capaz de virar embarcações. Outro bicho, a harpia - um dos maiores gaviões brasileiros - é reverenciada como a dona do espaço por sua imponência e domínio das alturas. Apesar das diferenças entre as etnias, as tribos do Alto Xingu usam imagens semelhantes como forma de exprimir suas emoções e de comportamentos dentro da sociedade. Conheça alguns deles:

Peixe - O mais constante na cultura por estar ligado à alimentação. Pode ser visto como pintura feita à base de carvão e jenipapo na altura dos olhos de homens e mulheres, nos objetos de decoração ou durante os cerimoniais.

Onça - A força e a quase invencibilidade do animal expressam destemor e audácia. Por isso, suas vistosas pintas pretas aparecem na ornamentação corporal durante o cerimonial do Javari, uma guerra simbólica entre duas aldeias.

Naitu - Termo indígena que significa distinção. É simbolizado por dois traços paralelos feitos com carvão e jenipapo na face das mulheres e das crianças. Somente os índios da linhagem de Maivotsinin, o criador, têm a permissão para fazer essa pintura. Ela significa nobreza, mas não confere nenhuma deferência a quem a utiliza.

Flauta-jacuí - Representa um símbolo fálico e é guardada na casa dos homens. Por isso, as mulheres são terminantemente proibidas de vê-la quando os índios começam a tocar o instrumento em homenagem a Jacuí, a entidade que representa a dona da flauta.

Quarup - Quando o sol transforma as figuras criadas em madeira em pessoas. A pintura tapacá, uma interpretação da criação, é formada por losangos com riscos de carvão e jenipapo. É a mais importante cerimônia religiosa, na qual o morto tem a última chance de retornar à vida, se não estiver satisfeito no mundo em que vive.

Sucuri - Por ocasião do Quarup, há uma acirrada luta entre os promotores do cerimonial e os índios convidados de outras aldeias. Aqueles que mais se sobressaírem têm o direito de colorir as costas com um vermelho intenso e fazer pintas pretas, como as da cobra-grande.

Uluri - Significa recato. É uma espécie de cinto trançado com fios de buriti que contorna os quadris e passa entre as pernas das mulheres para proteger a genitália. Os homens (adultos ou crianças) não podem tocar nesse adorno com o risco de ficarem impotentes, segundo a tradição. Na prática, é uma forma da mulher controlar as relações sexuais com seu parceiro.

Flor-de-bananeira-brava - Peculiar da tribo juruna. Ninguém (adultos e crianças) sai da maloca sem colocá-la no alto da testa.

* A revista GLOBO RURAL continua publicando os últimos textos encaminhados por Orlando Villas Bôas antes de seu falecimento, em dezembro de 2002